segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Procura-se: Analista de grunhidos em redes sociais

O Twitter está na mídia (e na moda), as empresas se sentem obrigadas a criar uma conta, mesmo sem saber se seus clientes usam a ferramenta. Livros que ensinam a melhor forma de usá-lo se tornaram leitura "obrigatória" para gerentes de marketing, regras foram criadas por "pensadores" fazendo com que a necessidade de estar lá aumente dia a dia.

Com o objetivo de entender o que os consumidores andam "falando" das marcas em mídias sociais, as agências incorporaram atividades de monitoração e análise das redes em sua rotina diária. Divulgam com certo glamour que as marcas de seus clientes são avaliadas no Twitter e nas demais redes colaborativas. Surge então, o cargo de Analista de Mídias Sociais.

Com isso, há uma enxurrada de profissionais que antes trabalhavam em diversas áreas ligadas à tecnologia, internet e afins, que se lançam ao mercado de trabalho como "especialistas" em comportamento do consumidor e tentam prever tendências através dessas mídias.

Realmente há alguns aspectos comportamentais importantes que podem ser identificados no conteúdo gerado por milhares de pessoas na internet. No entanto, há uma grande possibilidade da interpretação desses dados apresentar distorções entre o que é publicado e a essência do pensamento e da personalidade humana, independente da facilidade de exposição que o ambiente online oferece.

Observe que muitas pessoas usam as redes sociais com o desejo de serem populares, inteligentes, engraçadas, bonitas, esportistas, etc; e se esforçam em se posicionar como um ser humano perfeito, criando para elas - provavelmente de forma inconsciente - um personagem diferente da sua realidade.

Faço um convite: Quando você tiver oportunidade de conhecer alguém pessoalmente que só conhece pelas redes sociais, passe a reparar: ela realmente é o que aparenta ser? Sua personalidade está alinhada com seu discurso nas redes?

Na contra mão da exuberância do Twitter, entendo que não devemos ter ilusões em acreditar que as informações ali publicadas, quando avaliadas isoladamente, são indicadores confiáveis do comportamento das pessoas.

Parafraseando José Saramago: Os tais 140 caracteres refletem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido.

Seria interessante acompanhar uma nova tendência de monitorar e analisar grunhidos, contratando profissionais para o cargo de "Analista de grunhidos em redes sociais". Eu não duvido, e você?

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