terça-feira, 28 de julho de 2009

Democracia dos Negócios

Incluir o cliente como figura central de qualquer iniciativa de marketing, significa estabelecer com ele um diálogo contínuo e entender seu comportamento prestando atenção em suas atitudes nas ruas, bares, trabalho, exposições, redes sociais e, especialmente usando um produto ou serviço, com o objetivo de oferecer soluções que, de fato, melhorem suas vidas.

Estas atitudes, quando institucionalizadas, se refletem em uma democracia dos negócios, que antende tanto os interesses econômicos dos acionistas, quanto da sociedade. Dessa forma, cria-se um ambiente mais interessante para as empresas, que lucram com a oferta de produtos e serviços alinhada com as necessidades e desejos das pessoas e com a valorização da sua marca; e para os clientes, que realizam suas compras com base na confiança e no relacionamento estabelecido com a empresa.

Repare quantas vezes sua empresa observou as pessoas usando os serviços oferecidos por ela ou se alguma vez os usuários foram incluídos no processo de pesquisa de um novo produto.

De um modo geral, as pessoas valorizam cada vez mais as marcas que se relacionam com seus clientes e devolvem para a sociedade parte dos lucros obtidos, essa reflexão aponta para a importância de um modelo de negócio sustentável, onde cada iniciativa precisa gerar valor para a marca, para seus clientes e para a sociedade.

domingo, 19 de julho de 2009

Stefhany, uma menina do Piauí

Uma menina do interior do Piauí chamada Stefhany, de apenas 17 anos, produz um vídeo com sua câmera amadora, publica no Youtube e em pouco tempo esse vídeo se torna sucesso de audiência. O vídeo é uma paródia da música A Thousand Miles, da Vanessa Carlton, e a letra faz referência a um carro nacional, o Cross Fox.


O sucesso é absoluto e chega à mídia de massa (programa Caldeirão do Huck), onde Stefhany ganha seu carro entregue pelo gerente de marketing da Volkswagen. No programa, é anunciado também a campanha "Vanessa, libera para a Stefhany" para que a cantora Vanessa Carlton, compositora da canção parodiada pela menina do Piauí, libere os direitos autorais da música original.

De forma inocente, a atitude da menina Stefhany levanta questões importantes sobre dois modelos de negócio tradicionais: as agências de propaganda e a indústria fonográfica.


Fica evidente que as campanhas criadas pelas agências não podem ser focadas apenas em modelos tradicionais da mídia de massa. É necessária uma visão integrada da comunicação que considere a conexão entre usuários em mídias sociais uma oportunidade de negócio, especialmente quando o público da marca é jovem.


É importante também que as agências percebam que as interações nas redes sociais podem proporcionar a multiplicação da mensagem criada para seu cliente, assim como no caso do CrossFox. Portanto, a divisão nítida entre o que é
Off e Online se perde definitivamente.

A segunda questão (e mais crítica) é como a indústria fonográfica - que tem o direito de arrecadação sobre a execução pública - pode se beneficiar de sucessos como este, criados pelo povo, que acontecem diariamente e estão espalhados pelo país: em festas regionais, bares do subúrbio carioca, etc.


Acredito que qualquer atitude que tente podar esse comportamento natural da sociedade será em vão, como foi no caso dos
softwares de trocas de músicas digitais.

No entanto, entender como esse fenômeno acontece observando constantemente o comportamento das pessoas, identificando oportunidades e se antecipando a elas, são atitudes que podem abrir um campo interessante para a descoberta de novos talentos e definição de um formato interativo de comunicação e divulgação de músicas.

Será que oferecer músicas gratuitamente pela web não pode ser uma forma de divulgação?
(Existe um manifesto nesse sentido que inclui diversos artistas: Manifesto Movimento Música para Baixar).

Obviamente, o assunto é complexo e requer uma avaliação precisa de todos os fatores envolvidos, inclusive os legais (arrecadação, direitos autorais, impostos, execução pública, etc), mas trata-se de uma mudança importante em um modelo de negócio que tradicionalmente teve como objetivo descobrir
Hits, escolhendo os artistas e as músicas que as pessoas teriam acesso.

Enquanto indústrias tradicionais sofrem os efeitos dos fenômenos dos nichos, Stefhany está com a agenda lotada de shows. Atualmente, ela costuma reunir até 15 mil pessoas numa apresentação (mesma população de Inhuma, a cidade onde vive).

Como publicado em seu site:
"Absoluta, Stefhany não é só sensação da Internet. É fenômeno da música."

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Veja o vídeo de maior sucesso da Stefhany. [UPDATE] O vídeo foi retirado do Youtube

Provavelmente, a agência de propaganda e a montadora perceberam o sucesso da Stefhany nas mídias sociais e criaram ações aproveitando a referência feita ao carro na letra da música. A mais nova é que ela
está trocando de carro.
[UPDATE] A campanha foi produzida para o Supermercado Smart!

sábado, 18 de julho de 2009

Do nicho para a mídia de massa

O assunto discutido aqui no blog em 06/07, no post "O Poder das Pessoas - Ameaça ou Oportunidade?", ocupa hoje o caderno Prosa & Verso do Globo, com o título "Entre blogs e barricadas", vale a leitura:

http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/default.asp#206004

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Aos 4Ps, acrescente o "I"

Em alguns departamentos de marketing tradicionais há uma certa resistência sobre a possibilidade de utilizar modelos de análises e pesquisas que valorizem principalmente a observação e o diálogo contínuo com os clientes.

No entanto, observo que o clichê "foco no cliente" continua em voga nas escolas de marketing e no dia a dia dos gerentes. Mas como pode ser instituído na prática o tão falado "foco no cliente", com as novas possibilidades de interação que o ambiente online nos oferece?


Essa pergunta nos leva naturalmente a um universo de possibilidades, porém, existem alguns fatores fundamentais que precisam ser ampliados desde já na visão do marketing tradicional, são eles:

1 - Possibilidade de obtenção rápida de
feedback sobre o uso de produtos/serviços e criação colaborativa de produtos entre empresas, clientes e fornecedores;

2 -
Atualmente os clientes sabem como é o atendimento pós venda antes mesmo de comprarem um novo produto, isto é consequencia do compartilhamento na web de informações de pessoas que já o compraram. Dessa forma, o preço passa a ter menos importância.

3 - Concorrência
global e oferta de produtos de acordo com as preferências dos usuários;

4 -
O processo de decisão de compra é fortemente influenciado pelo boca a boca. É preciso entender a dinâmica que faz consumidores ajudarem consumidores;

Os itens citados exercem uma forte pressão sobre a lucratividade das empresas e afetam diretamente o conceito tradicional dos 4Ps do mix de marketing (Produto, Preço, Ponto de venda e Promoção). Esses dois aspectos em conjunto apontam para uma necessidade iminente de revisão do modelo de marketing tradicional e consequentemente atualização de seus profissionais.

Acredito em um modelo inovador, que retirem os profissionais de marketing de sua zona de conforto e exija deles experimentação, com um pensamento além do contexto tradicional, que é baseado em análises de cenários mercadológicos que já ocorreram; como se estivessem sempre olhando pelo retrovisor, e não para frente. Resultando em longos relatórios que exigem meses de produção e inviabilizam ações rápidas e pontuais.

Proponho análises criativas, que tenham como objetivos a previsão de comportamentos futuros e recomendações de conteúdos relevantes para cada perfil de cliente; seja um novo produto, serviço ou mesmo uma dica de o que fazer em um sábado à noite.

Para isso, é necessário que haja uma visão gerencial clara da importância de utilizar a tecnologia a reboque de estudos complexos de modelagem e relacionamento de conteúdo, psicologia, filtragem colaborativa, avaliação das afinidades entre pessoas nas redes sociais, entre outras abordagens.

Sugiro, portanto, inserir ao modelo tradicional dos 4Ps, o "I" de Interatividade. Com isso, o foco no cliente será muito mais do que um clichê dos departamentos de marketing tradicionais e teremos, então, um novo modelo de marketing: O modelo dos 4ps + I.

Algumas perguntas a serem respondidas por vocês:


Qual o perfil do novo profissional de marketing para encarar esses desafios?

Que cursos de especialização são necessários?
Onde estão esses profissionais, que precisam ter conhecimento sobre pessoas e tecnologia?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Olhe de dentro para fora e de fora para dentro

Sabe-se que as insistentes tentativas de definir arte têm se modificado ao longo do tempo. Existem diferentes afirmativas; desde uma técnica ou processo utilizado para realizar com excelência uma determinada atividade, até a capacidade de expressar sentimentos de forma original, ligada muitas vezes à iniciativas estéticas.

Nesse post vou me ater à segunda questão: arte como uma maneira de expressar originalmente os sentimentos, pois separa claramente a expressão da técnica e a criação da forma.

A busca do artista pelo original reflete um desejo latente de expressar seus sentimentos. Um estímulo interior irresistível de produzir por conta própria (com autonomia) que traz à tona, em alguns momentos, sua própria psique inconsciente.

Esse incessante desejo quando representado por alguma forma estética, expõem os sentimentos e a sensibilidade do artista em relação a sua percepção da vida e faz com que o processo criativo seja uma "luta" interna para superar seus próprios limites, onde há uma enxurrada de sentimentos, tais como: desejo, ansiedade, tristeza, angústia, prazer, curiosidade.

A satisfação de um artista ao encontrar uma forma autoral, revela-se muitas vezes como um paradoxo; uma percepção de estranhamento, espanto, senso de inadequação e fascínio de quem observa o resultado final: a arte original. As diferentes sensações vividas pelo artista em relação as pessoas que "consomem" sua obra são inúmeras, porém facilmente entendidas devido a criação do novo onde antes não existia nada igual.

Portanto, entendo que a criação original é resultado de inúmeros fatores, mas em especial da busca pelo novo, das referências pessoais de vida e do autoconhecimento do artista. A interpretação de quem observa a obra não é tão relevante ao ponto de modificar o estilo e a motivação de quem cria, pois este continuará experimentando e buscando pela sua forma autoral.

Levanto algumas questões para reflexão:


Você acredita que as pessoas que consomem a arte podem julgar a originalidade ou o belo?

Os olhos de quem assiste a obra é importante ao ponto do artista modificar seu estilo, seja na composição musical, nas artes plásticas, na literatura, etc?

Os filtros impostos pela mídia podem influenciar artistas atribuindo critérios discutíveis de originalidade e beleza para obras artísticas?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Poder das Pessoas - Ameaça ou Oportunidade?

O ser humano possui a necessidade natural de encontrar outras pessoas e compartilhar conhecimento. Essa característica se acentua em contextos adversos onde a colaboração mútua entre grupos de interesse comum passa a ser uma forma poderosa de comunicação.

Nos anos da didatura militar no Brasil, diferentes grupos de pessoas se encontravam, produziam e editavam suas obras de forma independente, utilizando a mídia alternativa como principal forma de expor suas ideias e contornar a censura imposta na época, trata-se da Geração Mimeógrafo.

Atualmente, a repercussão em redes sociais sobre a eleição presidencial no Irã, em especial a divulgação do vídeo amador da morte da menina Neda Soltani de 16 anos, mostra de forma evidente o verdadeiro potencial que as novas tecnologias oferecem: democratização da produção, distribuição rápida e global de conteúdo e acesso gratuito à informação.

Essas novas possibilidades, aliadas aos nossos desejos naturais de criação, socialização e comunicação, modificaram a forma como produzimos e consumimos conteúdo (música, literatura, notícias) e trouxe mudanças irreversíveis para indústrias tradicionais.

O momento atual exige reflexão e um profundo conhecimento do impacto das novas tecnologias no comportamento da sociedade. As empresas que estão sentindo na pele essas mudanças, precisam se reinventar e oferecer conteúdo de qualidade, independente do meio em que será distribuído. Para isso, é essencial entender o momento e a forma como as pessoas precisam da informação.

Dessa maneira, transformarão as aparentes ameaças em oportunidades sem precedentes.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

ITT - Índice de Trabalho Tradicional



















O gráfico é reflexo de como vejo a seção de classificados de empregos tradicionais.